LI OSWALD.
Sobre Oswald de Andrade e minhas incursões:
Da poesia de Oswald de Andrade, roubando a expressão de Haroldo de Campos, descrevo sua fôrma (fôrma, mesmo) como o camera eye.
Entendo - a poesia objetiva: objetiva de máquina fotográfica – click ! Lá está o poema gravado em papel-retina. Depois é só revelar no químico, papel-celulose.
Em suas poesias o que se omite também está escrito. O suspiro, o susto, vêm do corte.
Tal qual quando no pulso.
Eu, que não sou crítica literária, aprendi, lendo, que Oswald – Oswald, da família, porque já o adotei – é o ‘curto e grosso’ feito curto e lírico.
A elipse, o corte, estes estão no pulso. Do leitor e do poeta.
Segue com excusas apenas minha tentativa. Colagem de fotos, rindo pra não chorar. (exercícios, exercícios...)
RETRATOS DA MENINICE
1 . Quando chovia
Se usava galocha
Ou a sacola da mercearia
Depois, a do hipermercado
Depois. Eu era grande e não me importava em molhar os pés.
2. A fita rendada no cabelo
A farda azul marinho o brasão do município
no peito
- eu nem sabia.
O joelho encardido
as meias enroladas.
O medo do futuro
vidrado nos (gloriosos) boletins.
3. Quando o Brasil perdeu minha primeira Copa
Tinha tinta nas ruas
Eu não sabia onde era o México.
Mas quando perdeu minha segunda Copa
Eu, que não entendia então por que o Brasil era o país do futebol,
Chorei quando levei – eu, eu – o gol do Caniggia.
Naquele dia meu irmão enjoou de pipoca
- não volta a comer nem agora que calça quarenta e dois.
Mas depois a gente jogava botão,
BRASIL X ARGENTINA – foi aí que aprendi a torcer contra a Argentina.
4. Minha avó morava do outro lado do país
não dava para visitar nos fins de semana.
- também não dava para ir no cinema
nem pra ir para fora do portão
mas isso a gente sabia que tinha.
Quando minha avó primeiro me visitou
Minha mãe foi à feira
Ganhamos barras de chocolate meio-amargo
Minha avó alemã escovou os dentes, por engano, com creme de barbear.
E não me beijou... pensei que ela fosse muito antiga.
- quando eu cresci eu estudei inglês, espanhol, francês.
Minha avó só sabia a língua dela.
Da poesia de Oswald de Andrade, roubando a expressão de Haroldo de Campos, descrevo sua fôrma (fôrma, mesmo) como o camera eye.
Entendo - a poesia objetiva: objetiva de máquina fotográfica – click ! Lá está o poema gravado em papel-retina. Depois é só revelar no químico, papel-celulose.
Em suas poesias o que se omite também está escrito. O suspiro, o susto, vêm do corte.
Tal qual quando no pulso.
Eu, que não sou crítica literária, aprendi, lendo, que Oswald – Oswald, da família, porque já o adotei – é o ‘curto e grosso’ feito curto e lírico.
A elipse, o corte, estes estão no pulso. Do leitor e do poeta.
Segue com excusas apenas minha tentativa. Colagem de fotos, rindo pra não chorar. (exercícios, exercícios...)
RETRATOS DA MENINICE
1 . Quando chovia
Se usava galocha
Ou a sacola da mercearia
Depois, a do hipermercado
Depois. Eu era grande e não me importava em molhar os pés.
2. A fita rendada no cabelo
A farda azul marinho o brasão do município
no peito
- eu nem sabia.
O joelho encardido
as meias enroladas.
O medo do futuro
vidrado nos (gloriosos) boletins.
3. Quando o Brasil perdeu minha primeira Copa
Tinha tinta nas ruas
Eu não sabia onde era o México.
Mas quando perdeu minha segunda Copa
Eu, que não entendia então por que o Brasil era o país do futebol,
Chorei quando levei – eu, eu – o gol do Caniggia.
Naquele dia meu irmão enjoou de pipoca
- não volta a comer nem agora que calça quarenta e dois.
Mas depois a gente jogava botão,
BRASIL X ARGENTINA – foi aí que aprendi a torcer contra a Argentina.
4. Minha avó morava do outro lado do país
não dava para visitar nos fins de semana.
- também não dava para ir no cinema
nem pra ir para fora do portão
mas isso a gente sabia que tinha.
Quando minha avó primeiro me visitou
Minha mãe foi à feira
Ganhamos barras de chocolate meio-amargo
Minha avó alemã escovou os dentes, por engano, com creme de barbear.
E não me beijou... pensei que ela fosse muito antiga.
- quando eu cresci eu estudei inglês, espanhol, francês.
Minha avó só sabia a língua dela.
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