domingo
é um arranha-céu
o campinho
recolhe detritos
na rua em que deixei meu tempo
nunca mais fez sol
nos sentávamos pai mãe irmãozinho
dividindo mesmo sonho
de domingo
a alta banqueta
da lanchonete
da loja
de departamentos
o letreiro anunciando os sorvetes
as prateleiras
de doces
de lápis
de cores
de bonecas que riam
ríamos nós de tudo
ríamos tudo de nós
era domingo
no guardanapo
no bigode de suco
a nota polida na carteira
aguardava apenas o domingo
brilhávamos
nas altas banquetas
pés balançando, ternos
da ternura de domingo
apenas por ser domingo
a banqueta
não mais é alta -
piso no chão
depois da noite fria do sábado o sono
e o livro ponto das colúmbias segundas-feiras....
no dia em que perdi o sol
nunca mais fez tempo.
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