Poema Pálido




Não quero a tranquilidade
do mundo
infeccioso
de rostos empilhados
atrás das janelas
sujas
do ônibus cinza
        feito cubos de gelo

e ver meu próprio rosto
espirrado no vidro,
confuso e sem cio,
enquanto aguardo
o semáforo sempre rubro

não quero pagar
pela noite no bordel barato
de gargalhadas falsas
do prazer que morde
        sem dentes
comprado e vendido
à solidões diuturnas

Na beira das rugas
dos rostos
mágoa e memória
pendem
ao sopro de um vento frio
que despetala anseios
dormentes,
óvulos de sonhos
não fecundos
que se despedem do mundo sem ter sido......

Não, não sei querer este mundo.

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