Sequência de Poemas Pálidos..

Não, agora não rezaremos, embora anjos de gesso enfeitem, puros, a poeira densa da cabeceira.
Agora não riremos das borboletas azuis ou lilases, sequer dos beija-flores. Não, não teremos lápis de cores.
Não teremos o odor nauseante do álcool extraviado nas letras mimeografadas.
Hálito de álcool não mais das letras, roxas. Rosas, não mais, é verão, e secam flores nos vasos, e secam dores nos frascos, e secam cores ásperas, rachaduras nos muros.
A garrafa entorna a falta de dúvidas porque não mais somos sãos - crescemos - e somos do tamanho daqueles grossos carvalhos e de raiz mais funda, mais funda ainda. E não mais afundamos barcos de papel nas poças de chuva.
E não mais sonharemos, embora sonhos densos de gesso purifiquem a poeira da cabeceira, réstia de um sol que secou.

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