mulher

não sei de nada que não seja a dor no peito
as linhas da mão
as letras que não escrevi

nada sei apesar das flechas que me lançaram
e dos abutres que me farejam

e eu vingo
mas não sei de quê

não sei de nada que não meu sangue grosso
róseo
porque nasci assim
    mulher-rósea-frouxa

frouxa pra chorar depressa
pra arrumar mala às pressas
e não olhar pra trás - até um pouco mais

não sei de nada além de que sou tola
carne insossa e por dentro não sei
nada que não a dor no espaço
esse inteiro
e as curvas linhas da minha mão
    grossa rósea antiga
- até um pouco mais.

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