O Preço do Sonho


Hoje estou cansada e sem sono, o que me dá vontade de escrever e providencialmente me traz um bom assunto: sonhos. Digo, aqueles que a gente tem acordado.
Penso que poucos são os que "toleram" realizar seus sonhos. Estranho? Basta que a gente chegue perto daquilo que a gente mais desejou, pra sentir a falta de tantas outras coisas que eram apenas... realidade! Sempre tem alguma pedra no sapato incomodando um sonhador.
E a gente não tem jogo de cintura pra perceber que se faz sol e às vezes chove, é pra que tudo possa nascer e crescer... não apenas para estragar um domingo.
Você, veja o que eu fiz: estou na Universidade, fazendo o curso que há vinte anos proclamo que "um dia" iria fazer. Mas pra isso eu, que tenho trinta anos e nenhuma fortuna no banco, larguei um bom (?) emprego público, a cidade da minha família e todas as coisinhas materiais que faziam meu dia um pouco confortável. Instantaneamente passei a sonhar em estar perto da minha família, numa serena noite de sexta-feira, após um cansativo mas óbvio dia de trabalho e conversas de café com minhas amigas, para retornar à minha sala em que se esparramavam meus discos e livros ... e nada mais.
E tudo porque estou a mais de mil quilômetros de casa, num quarto de albergue com mais 3 beliches que – oh, céus, obrigada! – estão vagos esta semana. E com uma grandessíssima fome já que hoje, por economia, resolvi não jantar. Então dá aquele desespero: onde está minha estante de livros, minha TV (14’, mas fiel!), meu jeito com tudo??? Aliás, e todas as portas fechadas pra meu currículo tão bem-amado, depois de dar um pé no meu emprego burocrático vendendo seguros a quem não quer, pra acabar brigando por aquela vaga de vendedora de planos para celulares... e aí? Pago pra ver?? Meu sonho, exatamente agora, podia ser lançar todo o idealismo pela janela - dane-se o jornalismo sob este sol escaldante que tenho enfrentado às tardes procurando emprego e morada barata - e voltar a pensar como uma mulher séria, metódica e meio bem-sucedida, com umas notas na carteira e a globo news rodando na hora do jantar. E vocês podem estar se perguntando por que eu, doze anos de trabalho exemplar em respeitada instituição financeira, independência e geladeira abastecida, não abro os olhos e volto à realidade.
            Meu caro, pra este sonho comprei passagem só de ida! ... e o pacote era ‘com emoção’. Mais difícil do que abrir mão de preceitos sociais para garantir um sonho é abrir mão do sonho quando você salta nele. Aí você agarra, agarra à unha...
            Sim, eu sei que muitas noites vou olhar o fundo da carteira, coçar a cabeça, me irritar com companheiros adolescentes de uma república. Sei que vou chorar muitas vezes olhando pra este céu entrecortado pela grade da janela – essa baita lua neste céu doído de Minas – um céu enorme nunca feito pra se olhar sozinho...
            E vou me encolher torcendo pra ser só um caldo, um tropeço nessa grande onda que é ser o que se sonha, sem a exigência do atestado-de-coisas-que-se-deva-ter-ou-ser-em-certa-época-em-certo-lugar...
E a noite vai passar, o sol vai estar ali na janela outro dia pra provar que a vida é um ciclo e a gente sempre volta a sorrir (e que pra valer a pena, qualquer choro tem que ser por tentar e não por temer...).
    E se o sol não vier... que venha a chuva! O que não vai ser nada mal já que o sol está mesmo de rachar!!!



        

Comentários

  1. Conta comigo pra caminhar com você na chuva ou no sol, em todos os sentidos ;) Tudo vai ficar bem, acredita! :)

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  2. Tudo vai valer a pena no final...pode contar comigo pra tudo aki em sjdr.

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