noite sem estrela



depois de duas noites com estrelas
meu copo entorna na mesa
um ramalhete de desculpas
infindas
- sou mulher sou humana
nem queria ser deus,
apenas sorrir na hora verdadeira.

as noites,
essas puras em que eu sorri
estão entornadas
derrubadas das prateleiras
partidas em mil peças 
de mosaico
- e úmidas.

depois de duas noites com estrelas
respiro duramente
me assassino com as próprias unhas
meu corpo entorna na mesa
um ramalhete de desejos
infindos
- sou mulher sou humana
não quero ser deus
- quero errar na hora verdadeira.


Comentários

  1. Como é sempre prazeroso te ler. Te ver tão viva em sua poesia; Tão plena em tuas certezas de que a poesia está em ti como o ato de respirar. Amei e suspirei teus versos. beijos

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  2. Estrelas, na grande maioria, são mortas brilhando. E, no entanto, nos iluminam. Sorrir na hora verdadeira? Errar na hora verdadeira? Qual é a hora verdadeira? Que consigamos encontrar um jeito só nosso de errar (autenticidade?), pois erraremos sempre, mesmo que busquemos obstinadamente o acerto. A vida é feita de equívocos. Quem tem a verdade na mão? Estamos envoltos em enganos, erros de perspectivas, mal-entendidos. Ainda assim construímos, no tempo, nossa história pessoal, que pode ser bela. Para atravessar nossas noites escuras geramos pacientemente nossa estrela interior, que brilhará até depois de nossa morte.

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