turista acidental
e o ócio me deixa ler,
nos debruns
das manchetes
dos jogos ilícitos
das saudades filosóficas
e entidades metafísicas
o anúncio:
“este é o local onde tive
meu nascimento
E paradeiro bonito de
vista - pra saudade, meu alento
o local se chama prainha
e morre muita gente
assassinada
à beira do rio piracicaba
rio que quando pequeno
minha mãe atravessava
com a gente, em canoa,
pra conhecer a cidade...
se quiser correr risco de
morte,
pegue o ônibus para o porto do bote
o lugar é perigoso mas o
passeio, como vale!”
É como digo aos meus
botões,
Alguns perdidos alguns
achados
Contra os anúncios
burocráticos
Das agências de viagem
Sorte haver os anúncios
Dos artistas
sobreviventes
Que parecem cantar alto
De suas altas visões:
Se quiser correr risco de
vida
Tens de correr risco de
morte
E nada há como correr o
risco
De viver e de valer
Antes do fim da linha,
o trópico novo
Aquele que passa, de
canoa,
Insistente,
bem por cima do peito de
todo vivente.
Amar o risco é algo que quase todos acreditam ser imprescindível para uma experiência existencial significativa. Porém, na prática, nem sempre, ou quase nunca, assumimos esse amor de fato. Que seja nosso ideal, nossa busca, nossa total entrega... Que nos reconheçamos como esse turista acidental na prainha da vida!
ResponderExcluirUau, muito bonito.
ResponderExcluirChamou-me a atenção: debrum, gostei demais justamente da costura...
Adorei.