o do dia
Silhuetas mancham o espaço em que passa teu cheiro longe –
não me perco, apenas teu rosto em tudo tem um tipo qualquer de senha. No canto
de tudo meu corpo esgueira sobretudo minha tentativa falsa de parecer mansa. Escondo
meu rosto em outros planos, vejo a sala que se enche e se esvazia.
Meu copo se enche e se esvazia.
Meu corpo se enche e se esvazia.
Bebo e imito uma cara qualquer de fé. Resignada engulo fumaça,
choro e cachaça. Com a mesma cara de uma falta de gozo. Eu poderia fumar, mas minha
ilusão já é bastante.
Amar me salva. Amar me danifica erigindo em mim um monumento.
De amor morro nessa esquina. Ressuscito em todas as outras - vítima de um sorriso ou uma poesia.
Depois do caos, do tremor, da ressaca o céu parece tão nunca ter sido de outra cor.
- Eu ouço copos conversas tiros ouço teu riso. Tudo fica calmo depois
que tudo se derrama.
Gosto de sangrar, para estancar. A cada voo sempre o mesmo
suicídio. A pele mansa escondendo dez mil corações dentro do peito, de tanto
sentir, de tanto morder, de tanto se perder em não mentir.
Sempre salvo-me por um triz.
Sempre o medo de me jogar me
jogando....
- Um gosto da tua boca sobra na minha orelha, sopro.
E tua pele, na minha, é cicatriz.
Há tanta coragem na escrita. Há tanta entrega nas palavras. Há um forte risco de se perder na poesia, na beleza da linguagem. Dani, que você consiga transpor essa visceralidade para sua vida. Que a beleza, o arriscado afeto, o perigo de viver como uma aventura impregne todos seus atos. Não se guarde para o medo. Viver é como se arriscar em busca da palavra que nunca alcançaremos, mas que morreremos por ela. Beijos!
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