morte
a poesia em mim morreu porque eu leio manchetes de jornal e só as orelhas dos livros. sou
inteira um extrato bancário e listas de supermercado. sou o décimo terceiro mês
do ano em que dará tempo de sair descalço. sou apenas a primeira faixa do lado
a do único disco que resta. arranhada. repito carpideira um mesmo verso branco, minha
parede é branca e não anda nela uma lagarta. minha cabeça são engrenagens que calculam, sem um peito que
compense com um eco humano meu infinito
máquina-matemática-contabilidade. sou a resposta óbvia. a solução-padrão. meus sonhos eu varri porque era dia de
faxina. meu desejo em mim morreu porque não leio minha mão, não creio, duvido
das fábulas das fadas das calçadas das paixões desesperadas. morreu porque joguei fora cartas de amor, amor, cartas. morreu.
um relógio sacode meu tempo sem ócio sem alimento. um dínamo
cresce no peito. um balanço - fiscal - perturba meu descanso.
a poesia morre de meu
descaso.
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