pra uma despedida

Espera eu chegar, meu bem. Espera eu alcançar aquelas coisas para além.
Espera eu te levar uma flor, que enfeite o lado esquerdo do teu cabelo colorido. Botar cor pra cobrir o canto torto do teu dia. 
Eu chorei tanto que agora tenho esse vento no cabelo, que posso soprar um pouco tua poeira e essa lágrima que ensaia tuas maçãs – teu rosto esses vermelhos todos. 
Porque outro dia eu vi o teu doce deixado ali na pia. Você levou tudo que tinha, aquela pulseirinha que você sempre esquecia.
E eu esse tempo todo escrevendo sobre cortinas e cantinas sobre sopros de brisa – meus olhos soprando marés, eu escondido. Você escondida numa caixinha – era uma caixinha de música, meu bem? Bailarina saiote espelhinho anel – quinze minutos varrendo e ajuntando o cheiro teu despejado até a porta, até a avenida principal da cidade, até a cidade até o mundo – meu chão liso frio e meus pés atados. Minutos e aquele relógio de parede me contando de você longe – gemidos, sorrisos, suores, ou você através do vidro de uma vitrine querendo aquele sapatinho.
Eu imaginei todos os teus amores, imaginei teus pés, imaginei o arco-íris que tem teu rosto quando você tenta sorrir no dia frio.
Meu bem, eu estou indo, te levarei três boas ideias pra rir, outras cócegas e beijarei teu tornozelo enquanto você joga teus cabelos pra trás – o teu riso acorda deus.
Espera eu chegar de novo, meu bem, e te contar histórias pra dormir. Eu invento a princesa tem seus olhos e esse teu jeito de suspiros – enquanto dorme eu te aprendo noite adentro sua matemática sua falta de nexo, tuas delicadezas.

Espera eu chegar, meu bem, Veste aquela roupa de domingo, experimenta uma fita. 
Meu bem, a rua é grande e você é tao bonita.

Comentários

  1. Dani, li e pus o povo daqui de casa para ler. No final todos dizendo: lindo! Tenho certeza de que em algum momento da vida vai chegar um convite aqui em casa para o lançamento de um livro seu. Muito bom. André Frigo

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