sobre arte ou vida
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teus
cabelos cresceram, você disse. não, eu cresci. debaixo de minha unha a terra
toda que cavei para apenas virar grão.
flor
maçã
(mas
isto são metáforas)
***
é
que eu tenho um caderninho, por onde sinto as coisas – fome, frio, traduzíveis.
papel onde ardo. eu me perdendo em linhas.
mas
depois viro artista, à noite nos reunimos para falar de ezra pound. seja lá o
que. literatura. banalidades. bebemos e entendemos cada vez mais maravilhas.
mas
isso, então é arte. e tem, também, a vida.
***
aí
eu detrás da parede escrevo sobre um dente apodrecido e uma sopa fria. letras
fagulham – papel carrossel caligrafia; fico escrevendo sobre o que acabo de
comer, o que acabo de beber, o que não está mais em mim – alimento. sobrevivo é
dos beijos que não dei. (fagulhas).
os meus labirintos.
***
tenho
que escrever uma reportagem mas choro que é você – me confundo. que é você que
eu entendia. escrevo uns versinhos.
junto imagens ordinárias sobre como você me fere.
(artistas não sabem sofrer
em silêncio).
e
se a rapidez dos teus dedos nas cordas?, a sombra genial da fotografia?, o som
harmônico?, e se a letra borrada no canto da mão operária..
.. SALVASSE NOSSAS VIDAS??
é que não
há vaidades na noite escura, onde longe de tudo me perturbo
- catarse? vou é dizer o quanto sou mudo.
***
a
lágrima é do olho, atrás da lente. as palavras, o que não cabe. os dedos nas
cordas restos de corações. o som , o poema, é só consequência, inconsequente. de nós, por um fio, faca nos dentes.
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