o fim de x
x escreve
este testamento enquanto espera no balcão – um livro. um suco. uma permissão.
x não está
permitida, não pertence e não convida. é de outro mundo. onde há pão doce e gás
lacrimogênio. onde vive com medo do salto, da nuvem e do chão.
x tem medo
de coisas como amor. embora ache que não é amor, são apenas reações químicas: a
chuva, o frio, ou a dor.
por isso
pode fingir que não existem.
(como a
formiga que acaba de subir em seu pé crendo estar no caminho certo).
x se
desmancha anônima em ruas coloridas sem saber quê nome gravar no tronco de uma
árvore, sem fome, e quase sem vaidade.
ela sabe
que, no fim, só a poesia é de verdade.
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