Das vezes em que morremos por amor
quem quebrou seu coração de vidro em tantos cacos seu coração balão de gás estourou com uma agulha e tornou em pedaços seu coração de aço
quando morreste
a primeira vez e achaste que ia ser a última, e logo te ensinaram que há muito
mais e há amores depois e há também os cacos que ficam pelo chão e ferem os
passos em direção a outro coração e outro que ainda exista
quando morreste
pela segunda e terceira vez e prometeste ser a primeira ser a última ser
nenhuma
e acreditaste
que sangrar lavaria nas peças do azulejo o coração ferida aberta mal que te
fizeram ser sensível – acreditaste?
quem te fez
deitar e não querer dormir não querer acordar quem te fez depois da paz
universal declarar tanto final?
quando morreste
a perder a conta, e ninguém mais acreditou que era verdade, porque amas de um
jeito grande e que quase a ti engana como se fosse mentira que se possa amar
tanto ou como se fosse verdade que não vais voltar a enganar-te
quando morreste
da última vez – essa.
Ressuscitaste?
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