desarmada


eu queria de novo estar errada
só pra estar numa luta dessas nossas encerradas
com arranhões ou frases devoradas
ao pé de ouvidos e canções

eu não queria estar assim amarrotada
mas é que peguei o primeiro avião de papel
pra te dizer que o lugar onde eu vivia
era aquele de ouvir teu peito em descompasso de tropel

eu queria te dizer que amei de novo
e que tua falta já não faz
tanto fez
eu não queria chorar mas sou oceânica
e queria ser uma santa dessa vez

mas entorno copos em sua memória
e fumo como uma mulher estilhaçada
na verdade sou uma bomba programada
pra florir quando você sorrir

eu sei que ce vai lembrar
que me suicidei três vezes –
remediada –
mas eu ando agora desarmada
herdei das horas hordas esperançadas
e ando rindo outra vez

antes a folha de papel tava rasgada
porque eu não floria mais versos
sem você me abrir

desculpa voltar afogueada
só pra te contar essas bobagens
e te pedir milagres
eu que não creio em nada

eu sou só essa mulher embaraçada
de sol nos olhos,
faca nos dentes,

e despenteada.

Comentários

  1. Dani, sou seu fá de carteirinha. As palavras te obedecem, te respeitam, seguem plenas e felizes o caminho que vc indica. Bjo. André Frigo

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