pipas
eu te amo, eu digo à
moça da bicicleta que passa levando sua menina na garupa – de tranças – porque
ela sorri e o dia está ensolarado e ela leva sua menina à escola e afasta meus
pensamentos por um breve instante soprando no vento poeira e poesia
um beijo na testa do
senhorzinho que vai adiante em meu caminho explicando à filha a profissão de
vendedor de flores – a paciência de explicar concretudes em palavras de criança
entender
abraço com os olhos a
moça que se esconde trás de um muro, sorridente, entretendo o menino pequeno
que a busca em brinquedo baixo o sol do meio-dia
também os meninos que
soltam pipas
também as doninhas que
vestem vestidos de retalhos e debaixo de suas sombrinhas fazem a fresca em
minha fronte quando me espanam um olá um bom dia um sorriso, eu que nem quase
existo mas elas surpreendentemente
me veem..
sobretudo eu te amo,
digo ao poeta que subverte as coisas tolas
e óbvias em súbito
encantamento – palavras entortadas, as que dizem...
os usos insuspeitos de
cada palavra
(palavras que salvam minha/tanta
vida)
Me refaço e digo aos crentes que não perdi a fé! –
essa âncora..:
deus existe, deus existe, menina. deus existe e ele é uma metáfora.
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