cidade
eu fujo
para a cidade gigante onde somos amantes. sigo imprudente como
um pequeno passarinho que se estende longamente ante a roda de um carro até não
mais poder antes de escapar num voo rápido. embora eu não, nunca escape. as
rodas dos carros e os sinais de trânsito viajam pelos meus sinais da pele
apontando avenidas que eu quero devorar porque dói algo em mim que diz
espaço
e eu
respiro dentro de minhas paredes magoada com últimos acontecimentos e descrevo
nas fotografias tentativas de sorrir e nos versos fotografias de tentativas
todas essas coisas que eu viro e desviro em mim porque não sei onde começa meu
avesso – meu verso é cada um um último suspiro
então eu me
agarro a todas as suas ruas enquanto as pessoas sem me ver sem me chamar sem me
socorrer enquanto eu grito
me beba
passam e eu
agarro coisas soltas virando um grafite no muro um grafite bonito num muro eu
sou tão bonita azul.
as luzes da
cidade azul à noite desfecham minha narrativa insone e eu espero um recado, e
só me dão uma prece, às vezes, no ônibus me pedindo que aceite... jesus
a cidade
não me pede mas a ela eu digo que
aceito
e elaboro
uma aliança de postes de luz e linhas de metrô enrolando-se em nossas mãos de
casados eu e ela dançamos por aí despejados de quaisquer outras portas
infieis, sujos
e cansados.
- a cidade
é grande e nela cabem meus grandes olhos esfomeados.
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