salvador - noite de quarta (alguma)


era noite e a praça da piedade. você me traduzia as ruas e os prédios eu dizia reclamava que eu não sei onde estou. você me disse não eu não te levaria a algum lugar perigoso.
eu gosto que você me leve a lugares perigosos porque você segura minha cabeça contra seu peito e eu respiro ali como se fossemos os dois eternos embora eu saiba do risco que corremos e
isso me salva.
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muitas pessoas em volta com fome. você disse olha, calma, ali há um guarda. e disse isso como se fosse uma profecia uma arca da aliança deus em pessoa me dissesse fique em paz
eu não fiquei eu senti um silêncio dentro da gente nós dois perdidos em uma das quinas do quadrilátero  o guarda como se deus e os corpos existindo
eu disse há dez pessoas com fome.
eu não devia, eu não devia ter temido as pessoas. elas queriam apenas dormir e cobriam-se de sabe-se lá que confianças no futuro para permanecerem ali quietos na praça.
podíamos fazer alguma coisa ou não. eu podia ter estado apenas ali. podia amá-los porque eles não nos tomam nada, nada que não lhes pertença também.
piedade.

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