exílio



descubro não serenamente mas aceito depois de tantos tiroteios que sou só e meu exílio é grande minha herança.
eu sei do que sei andando. eu sou o que sou através das paisagens movediças.
o que deixo são tentativas de existir nas esquinas e ruas em que eu chorei ri ou passei despercebida mas nunca impune (e nelas eu divinamente existo).
existo e investigo janelas e vitrines, em especial as de doces e miro meu rosto. me pergunto.
sigo quase sempre só. mas sonho enorme silencioso e em dúvida. é belo estar em busca.
e me perdoo em noites profundas em que sorrio. e nessas, sorrio o mais definitivo.
carrego meus fardos escolhidos, não me permito existir sem imensidões. é preciso amar desmedido e, não sempre serenamente, aceitar o que é profundo. cortes superficiais me levam a tristezas demais.
não sou imune. sangro a cada instante. às vezes respiro e tenho percebido que isso é bastante.

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