coisas soltas


faço anotações em papeis, consulto resultados de concursos públicos não publicados
busco as coisas tentando segurar sua mão na rua no supermercado
precisamos comer e preparar as refeições
mas também precisamos saber
se ficaremos juntos
(ou não precisamos)

meus tempos vagam fazendo novas trilhas
brilhantes como de lagartas
em meu colo bastante demarcado
pelas andanças sob o sol
(e no canto de meus olhos)

essa lagarta vive em mim
sonhando borboletas
eu não quero esperar o tempo destes casulos
eu preciso produzir
                (poesia
                ciência
                coisas!!!)

é que as coisas se enrolam a mim como fios
novelo-me desfazendo tapetes de um crochê em reverso
eu tenho ambições poucas – mas estranhas
eu sonho coisas tremendas
é preciso por exemplo que você me faça cócegas de tempos em tempos
e eu te peça para parar, por favor
por favor digo é a palavra mágica

mas também preciso
ser dona da cidade
– andar pisando nela com raízes centenárias
enquanto sei estar apenas
de pa(i)sagem

(estas vontades de ser planta oblíqua, aérea e não prender-me..
- entrelaçar-me).

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