atípica



“ayer me vaciaron, me sacaron los dos pulmones, el estómago y el hígado”

uma pessoa antiga. perdendo memórias. as melhores histórias ela pensa que nem foram. que conta para si, como se fossem de outras moças. as fotos como de outras moças, mas no fundo nem foi assim. nas veias azuis e nas rugas que avizinham os sorrisos, mil pensamentos atropelados. berros às vezes. silêncios enquanto a janela fechada esconde o tempo passar. as festas da vizinhança lhe estragam os nervos. há muitas coisas acontecendo na vida mas ela deita abraçando as pernas na altura dos joelhos ou abre uma lata de doce e economicamente causa-se prazeres. sente falta da cidade, sente falta de dançar descalça. não é uma questão de edifícios mas de música, de gente, de artefatos para criar desejos... senão se morre. (outras formas de dar à luz).

lê notícias quando não há alternativas. de resto, palavras cruzadas – a cada tentativa de contato mil estilhaços bailam como pequenas plumas. e se não souber mais estar entre os vivos?

talvez se soubesse de alguma notícia muito, muito bonita ou mandasse um cartão postal...

“se suicidó días atrás rompiendo una ventana y usando uno de los vidrios como punãl”.


*(trechos são de matéria do jornal argentino “poder colifato”, sobre a dor e luta dos loucos. eu achei bonito).

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