fagulhas



não tenho lido mais nada quase nem notícias nem avisos de furacões

e saio de vestidos, desprevenida e ilesa

- os ventos de dentro espantam todas as flores do tecido

os furacões não vêm

isso é uma sorte

interrompo vinte e três vezes os inícios dos poemas

- tenho gostado mais de janelas

 

o cheiro amarelo da tarde me fica no gosto

coisas que se passam como se em 1994

(a cidade me assombra às catorze horas)

faço um gesto, tento parecer útil e à vontade

..

- que sou eu no fim da tarde,

desejos e desastres

os vizinhos jantam

minhas vontades me abrem crateras

 

saudades de nossos troços dispostos na mesa

de nossas fagulhas

- nossos excessos...

nossas sólidas

faltas de chão.

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