saudade
um cheiro de assado se esgueira de outra casa
um vendedor de doces apita seus tabuleiros
estou sóbria e choro
- era de noite e jantávamos juntos
entornando coisas na mesa
(estou vazia porque todos foram embora)
nos ônibus pelas janelas encaro cidades
como se me perguntasse onde estão elas
(eu fui pra onde embora?)
doces de caramelo cigarras retalhos de pano a boneca por
consertar um olho o disco na vitrola
era domingo um dia.
no meio da sala
a saudade me encara como um búfalo
(nós dois todos cascos, retorcimentos)
tão de perto o animal me põe na mira me ferindo o peito
e me interrompe mansa e pesadamente a vida às dezenove horas.
lindo! Voce sabe muito bem usar palavras que requeiram interpretaçao intimista. Sorria para a vida e ela vai sorrir pra voce em dobro!
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