Como fazer um poema
iniciar e desistir orgulhosamente. cheirar o mormaço antes da chuvarada. ferir-se de lança. lançar-se dez vezes do alto de prédios (diferentes prédios). buscar o poema na verduraria e nos viadutos - em coisas suspensas sobre avenidas é inevitável haver um poema. espetar nele um palito, verificando se algo nele gruda. é necessário um tanto de apego outro de deslizamentos.
também é útil: transferir cuidadosamente um decalque da ferida no joelho (que jamais sarou porque você brincou-brincou com a casca). esconder-se na casca – esquecer – fugir dracularmente. para então voltar esbarrando-se em tudo e encontrando limo nas paredes.
e depois de roer muito as unhas e arrancar os cabelos, tomar uma coca-cola e sentar-se na praça fingindo-se um velho senhorzinho em paz
e sem crimes.
e sem crimes.
um poema desgasta o fundo da nossa alma. tempera de luzes e sabores o mais íntimo de nós e não sei se por isso ou por causa disso nos ajuda a viver.
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