parti

 

parti - mais longe que de amsterdan ao arpoador, anos luz.
na estrada de volta,
aboio,
cacau,
saudade.

 

você não cansa de me fazer carinho, eu disse, enquanto calculava rotas, redemoinhos.
perguntei posso deixar minhas coisas? (e se não formos mais ver o pôr do sol quando não houver mais este buscar coisas etc.?)
...eu então escolherei recolher destroços, sementes, me envergonharei de meus poemas.

entardece e edifícios edifícios edifícios preenchem meu crepúsculo longe dos bambuzais (que um dia quiseram derrubar - lugares em que sonhei, em que fomos felizes... - mas houve um movimento popular: não derrubaram).
..e nosso romance desde sempre apocalíptico – que levante o salvará, na madrugada esquizofrênica de um qualquer carnaval?

eu produzindo ruínas, embranquecendo prateleiras arrastando malas derrubando músicas beijando os bichos que te guardam da janela... (vontade sempre de ver coisas de outros ângulos perspectivas, dobrar esquinas...
e agora anoitece sem nossas conversas infinitas sobre resolver o mundo, sobremesas, alternativas...)

se você perguntar, eu vou fazer novas coisas, esburacadas ou plenas.

preencher crepúsculos (essa coisa muito só da bahia, afirmo).
mas nas horas vagas chorarei sim desmedida enquanto não partir de mim
sua pele cacau, seus cabelos longos
sua cantoria.

a bahia.

da estrada de volta,
aboio
cacau
[um beijo]
saudade.

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