clarividências
vim segurando nas mãos dois trovões pra quando tivesse medo e tudo em mim hoje é barulho. em mim, todas as coisas, fósseis.
o assoalho em que nos amamos range suspiros antigos, guardados nossos gemidos pelas frestas, fotos fitas (festejantes serpentinas).
na parede você com fita adesiva, seus olhos sistemas solares me veem por dentro os arcaísmos.
ontem ainda tentávamos descobrir os nomes das ilhas... andamos pela cidade, eu tentando mostrar sabedorias. tudo em mim, clarividências. finjo raízes (...grande naufrágio submarino...).
histórias mal contadas se enfileiram em contas enfeitando meu pescoço, no fundo de mim faróis tremulam indicando caminho. desejos, incrédulos como espécies em extinção, sobrevivem.
desta vez tenho milhões de anos e me apoio num balcão empoeirado tomando uma coca-cola enquanto espero erupções vulcânicas e um telefonema. em lugares tão distantes você e eu olhamos quietos o mesmo oceano Atlântico.
Lindo!
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